O Período de Trevas: Como o Brasil Foi Tomado Pelo Ódio a Partir de 2018

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O Período de Trevas: Como o Brasil Foi Tomado Pelo Ódio a Partir de 2018.


Joelson Chaves de Queiroz 

A partir de 2018, o Brasil entrou em um período que muitos analistas, historiadores e cientistas políticos definem como um verdadeiro ciclo de trevas. A ascensão do bolsonarismo inaugurou uma fase marcada pela propagação sistemática do ódio, da mentira institucionalizada e da destruição dos consensos mínimos que sustentam a vida democrática. O que antes eram tensões políticas naturais em uma sociedade plural transformou-se em hostilidade aberta, agressividade cotidiana e rejeição a qualquer forma de diálogo.

A eleição de 2018 consolidou uma estratégia construída ao longo de anos: a demonização de partidos progressistas, especialmente o PT, aliada à instrumentalização de episódios traumáticos, como o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula processos que, mais tarde, viriam a ser reconhecidos como permeados de irregularidades e motivações políticas. Esse conjunto de ações não foi espontâneo: fez parte de um plano articulado para manipular a opinião pública, explorar medos e capturar emocionalmente uma parcela significativa do povo brasileiro.

Dentro desse ambiente, igrejas transformadas em negócios, e não em espaços de fé, tiveram papel central. Pastores que deveriam pregar a solidariedade e o amor passaram a cultivar discursos de intolerância, ódio e perseguição. A fé foi instrumentalizada politicamente, e muitos templos tornaram-se palanques de manipulação emocional, onde o lucro e a exploração dos fiéis se sobrepuseram aos valores do Evangelho.

Paralelamente, o chamado “gabinete do ódio”, núcleo de produção e disseminação de fake news ligado ao bolsonarismo, desempenhou papel essencial no envenenamento do debate público. Narrativas falsas, ataques coordenados, teorias conspiratórias e campanhas de difamação moldaram percepções, influenciaram eleições e dividiram famílias. Esse aparato revelou algo preocupante: uma parcela da população aderiu sem resistência ao discurso da desumanização, elegendo figuras públicas de conduta duvidosa, incapazes de empatia e comprometidas apenas com poder, vingança e autoproteção.

Hoje, enquanto o governo Lula tenta reconstruir o país, a extrema direita atua para aprovar medidas que ameacem o combate à corrupção e dificultem investigações da Polícia Federal  como a chamada “PEC da bandidagem”, voltada a criar brechas para blindagem política. Soma-se a isso o legado das emendas secretas e do orçamento paralelo, mecanismos que escancararam práticas de corrupção que muitos desses mesmos grupos sempre disseram combater.

É impossível ignorar que o atual governo tem buscado estabilidade econômica, retomada de programas sociais, geração de emprego, recomposição do salário mínimo e diálogo institucional. No entanto, a extrema direita insiste em sabotar avanços, alimentar conflitos e preservar privilégios.

O que vivemos é, sim, um período de trevas. Mas ele não é irreversível.

O Brasil precisa reencontrar seu eixo civilizatório. Somos um só povo, uma só nação. E, para superar este momento, é urgente recuperar valores esquecidos: solidariedade, respeito, verdade e compromisso com o bem comum. Não há saída fora do caminho proposto tanto pelos ensinamentos cristãos quanto pelos princípios da Constituição especialmente o Artigo 3º, que determina que devemos construir uma sociedade livre, justa e solidária.

A luta pela democracia, pela justiça social e pela dignidade continua. E cabe a cada cidadão escolher de que lado da história quer permanecer: no da escuridão da mentira ou no da luz da verdade.


Joelson Chaves de Queiroz
Professor e Acadêmico de Jornalismo

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