BOLSONARO NA PRESIDÊNCIA: NEGACIONISMO E POLÊMICAS NA PANDEMIA.
Durante os quatro anos de seu mandato presidencial
(2019–2022), Jair Bolsonaro consolidou uma gestão marcada por discursos contundentes,
promessas de moralização e uma condução controversa da pandemia de COVID-19.
Embora tenha sido eleito com forte apelo anticorrupção, analistas e
instituições apontam que houve retrocessos significativos nas práticas de
integridade governamental.
CORRUPÇÃO: DISCURSO FORTE, AÇÕES QUESTIONADAS.
Eleito com apoio de grupos conservadores e do
eleitorado insatisfeito com escândalos anteriores, Bolsonaro prometeu
"limpar o sistema". No entanto, o que se viu ao longo dos anos foi um
cenário distinto.
Segundo dados da Transparência Internacional, houve
desmonte de mecanismos de combate à corrupção, como a troca de diretores
da Polícia Federal, enfraquecimento do Coaf e interferência na Receita Federal.
As operações anticorrupção sofreram queda brusca: de mais de 400 prisões em
2019 para menos de 50 em 2022, uma redução de cerca de 90%.
O uso do chamado “orçamento secreto”,
mecanismo que distribuiu bilhões em emendas sem transparência, acendeu o alerta
em tribunais e na imprensa. Críticos apontam que o dispositivo serviu para
fortalecer alianças políticas no Congresso, em troca de apoio.
Apesar disso, o governo lançou, em 2020, um Plano
Anticorrupção, com diretrizes para maior controle patrimonial e prevenção
de conflitos de interesse — medida que, na prática, teve pouca repercussão ou
execução efetiva.
PANDEMIA: ENTRE A NEGAÇÃO E A POLITIZAÇÃO
A gestão da crise sanitária causada pela COVID-19
foi um dos momentos mais críticos do mandato. Bolsonaro minimizou os efeitos do
vírus, chamando-o de “gripezinha”, recusou medidas de isolamento social e
atacou governadores que implementaram políticas mais restritivas.
Além disso, o presidente promoveu o uso da
cloroquina e da ivermectina, medicamentos sem eficácia comprovada, como
tratamento precoce — contrariando a comunidade científica e a Organização
Mundial da Saúde.
Em diversas ocasiões públicas, Bolsonaro apareceu
sem máscara, incentivou aglomerações e desestimulou o uso de vacinas. Sua
condução foi alvo de uma CPI no Senado, que apontou possível
responsabilidade por omissões e má gestão da crise sanitária, sugerindo o
indiciamento do presidente e de ministros.
VACINAS: RECUSA PESSOAL E SUSPEITAS ADMINISTRATIVAS
Bolsonaro se recusou a tomar a vacina contra a
COVID-19, chegando a dizer que seria o “último brasileiro” a se imunizar — o
que, segundo investigações da Polícia Federal, não impediu que seu nome
constasse indevidamente como vacinado no sistema do SUS. O caso levou à
abertura de inquérito sobre suposta falsificação de dados.
Outro episódio polêmico foi a negociação da vacina
indiana Covaxin, adquirida pelo Ministério da Saúde a um preço muito acima do
mercado. Apesar das suspeitas levantadas por servidores públicos, o presidente
foi acusado de prevaricação, mas a investigação acabou arquivada por
falta de provas conclusivas.
IMAGEM INTERNACIONAL E LEGADO
A condução da pandemia e os ataques a instituições
democráticas afetaram a imagem internacional do Brasil. Organismos
multilaterais e veículos de imprensa estrangeiros passaram a classificar o país
como exemplo de má gestão da crise sanitária.
Ao fim de seu governo, Bolsonaro deixava um legado
ambíguo: fortalecido junto a sua base mais fiel, mas criticado por instituições
independentes, pesquisadores e juristas por práticas que colocaram em xeque
pilares da governança e da saúde pública.
Fontes de pesquisa:
- Relatórios da Transparência
Internacional (2019–2022)
- Dados da Polícia Federal e
do Coaf
- CPI da COVID-19 – Senado
Federal
- Agências de checagem como
Lupa, Aos Fatos e UOL Confere
- Cobertura internacional (The
Guardian, AP News, The Financial Times)
Por JOELSON CHAVES DE QUEIROZ
Porto Velho, 24 de julho de 2025.
A LUTA CONTINUA.
%2011.44.05_1cfa2690.jpg)