A LAVA JATO E A POLÍTICA BRASILEIRA: UMA TRAMA QUE REDESENHOU O PODER

Professor Joelson
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A LAVA JATO E A POLÍTICA BRASILEIRA: UMA TRAMA QUE REDESENHOU O PODER

PROFESSOR JOELSON CHAVES DE QUEIROZ

Nos últimos anos, o Brasil foi palco de um dos mais complexos enredos políticos e judiciais de sua história recente. A operação Lava Jato, inicialmente apresentada como um esforço de combate à corrupção acabou revelando uma trama macabra  entre setores do Judiciário, da política e da grande mídia. Para muitos analistas e setores da sociedade, a operação não apenas falhou em seu propósito declarado, como também se transformou em uma ferramenta para desestabilizar o cenário político nacional.

A "PONTE PARA O FUTURO" E O INÍCIO DE UMA VIRADA: O primeiro ponto de ruptura ocorreu quando a então presidente Dilma Rousseff se recusou a adotar o programa econômico "Ponte para o Futuro", proposto por setores do PMDB e apoiado por figuras do mercado financeiro. A negativa acentuou o afastamento do partido da base aliada e acelerou o processo de articulação para o impeachment.

Enquanto isso, a campanha de deslegitimação, demonização do Partido dos Trabalhadores (PT) ganhava força. Com o apoio de grandes conglomerados de mídia, o partido passou a ser associado à corrupção de forma sistemática, ignorando, em muitos casos, as garantias constitucionais do contraditório e da presunção de inocência.

LAVA JATO: JUSTIÇA ou  conluio POLÍTICO?  Conduzida a partir de Curitiba, sob o comando do então juiz Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol, a Lava Jato começou a apresentar sinais de irregularidades graves. Conversas reveladas pela série de reportagens da Vaza Jato, do portal The Intercept Brasil, indicaram articulações entre juízes e procuradores para influenciar julgamentos, combinar estratégias e acelerar condenações — especialmente contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O caso do triplex no Guarujá e do sítio em Atibaia — símbolos das acusações contra Lula — nunca foram sustentados por provas materiais conclusivas. Mesmo assim, o ex-presidente foi condenado, preso e impedido de disputar as eleições de 2018, abrindo caminho para a vitória do Mentor do Mal.

O PAPEL DA MÍDIA E A DEMONIZAÇÃO POLÍTICA: Durante esse processo, a cobertura midiática teve um papel decisivo. As acusações contra Lula e o PT foram intensamente exploradas em jornais, rádios e TVs, muitas vezes sem o devido cuidado jornalístico de questionar provas, contextos e interesses por trás das investigações. Essa narrativa única acabou contribuindo para a perda de apoio popular da presidente Dilma e, posteriormente, da legitimidade de Lula enquanto liderança política.

Com o avanço da operação, grandes empresas nacionais foram desestruturadas — como a Odebrecht e a OAS — resultando em demissões em massa e impacto direto na economia. A suposta luta contra a corrupção acabou produzindo um efeito colateral devastador no setor produtivo nacional.

O TEATRO DO PODER: Após a eleição presidencial de 2018, um fato causou espanto foi a nomeação de Sergio Moro como Ministro da Justiça do governo Bolsonaro — o mesmo governo cuja eleição foi viabilizada, em parte, pela exclusão de Lula do processo eleitoral. A ligação direta entre a ação judicial e a ascensão política evidenciou um possível conflito ético e jurídico sem precedentes na história republicana.

Durante o período de prisão, Lula teve direitos básicos cerceados, como conceder entrevistas ou comparecer ao velório de familiares. Foram 580 dias de prisão até que o Supremo Tribunal Federal (STF), após intensa pressão jurídica e política, anulasse as condenações, reconhecendo a parcialidade de Moro e a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar os casos.

O RETORNO E O REEQUILÍBRIO: Lula foi solto, teve seus direitos políticos restituídos e, em 2022, voltou a disputar e vencer as eleições presidenciais. Sua volta à presidência representou, para muitos, um ato de justiça histórica. Em contrapartida, seu adversário e ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta hoje uma série de investigações, inclusive por  tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023 — ação que resultou na depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília.

Ao contrário de Lula, que enfrentou a Justiça até provar sua inocência, Bolsonaro é acusado de instigar e se esconder nos EUA durante os atos antidemocráticos, além de manter vínculos com empresários e políticos que financiaram e apoiaram o movimento golpista.

SEM ANISTIA: Agora, cresce no Congresso o debate sobre uma possível anistia aos envolvidos nos ataques às instituições democráticas. Muitos setores defendem que não pode haver anistia para aqueles que atentaram contra a Constituição, assim como não pode haver perdão para os que instrumentalizaram o Judiciário com fins políticos.

A história recente do Brasil mostra que o uso político da justiça, somado à desinformação e ao discurso de ódio, pode levar a rupturas institucionais profundas. A Lava Jato, longe de ser apenas uma operação anticorrupção, revelou-se parte de um enredo que ainda ecoa nos corredores do poder.

 

Compartilhe este texto com quem precisa entender o que realmente aconteceu nos últimos anos da política brasileira.

 

PROFESSOR JOELSON CHAVES DE QUEIROZ

Porto Velho, 24 de julho de 2025.

                A LUTA CONTINUA.

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