Sócrates e o "idiota":
uma reflexão urgente sobre o desinteresse político atual
PROFESSOR: JOELSON CHAVES DE QUEIROZ
Opinião | Sociedade e Política.
O que a palavra “idiota” significava há mais de
dois mil anos? Para o filósofo grego Sócrates, o termo não tinha o mesmo peso
ofensivo que carrega hoje. Naquela época, era usado para designar o cidadão que
se afastava da vida pública, preferindo cuidar apenas da própria existência e
ignorando os assuntos da cidade. Em outras palavras, o “idiota” era aquele que
escolhia o conforto da alienação em vez do compromisso com o bem coletivo.
Apesar da distância histórica, essa definição
continua surpreendentemente atual. Em meio a um cenário de descrédito nas
instituições democráticas, desinformação em massa e polarização política, o
perfil do “idiota socrático” reaparece sob novas formas — menos na linguagem,
mais no comportamento.
Frases como “não gosto de política” ou “meu voto
não muda nada” ilustram um fenômeno crescente: a apatia diante dos rumos do
país. Esse tipo de postura, embora comum, tem consequências graves. A ausência
de engajamento abre espaço para práticas autoritárias, corrupção e injustiças.
Sócrates já alertava que o preço da omissão é ser governado por quem não
deveria ocupar o poder.
Além da falta de participação, há outro aspecto
preocupante: a perda da capacidade de pensar criticamente. Com o avanço das
redes sociais, muitos consomem e compartilham informações sem checar fontes,
tornando-se alvos fáceis de discursos simplistas, radicais e manipuladores. O
pensamento reflexivo, tão valorizado por Sócrates, é substituído por certezas
apressadas e polarizações vazias.
Diante desse quadro, torna-se essencial resgatar o
espírito socrático: questionar, refletir, participar. A educação, os meios de
comunicação e as instituições precisam trabalhar juntos para formar cidadãos
ativos, informados e conscientes de seu papel na sociedade.
Em tempos de crise, o silêncio pode ser tão
perigoso quanto os atos de corrupção. E talvez seja por isso que a frase
atribuída a Sócrates — “uma vida sem reflexão não vale a pena ser
vivida” —
continue tão necessária quanto atual.
A LUTA CONTINUA.
Porto Velho, 23 de Julho de 2025.